sexta-feira, 8 de outubro de 2010

CÂES NÃO LAMBEM SEUS DONOS POR AMOR, DIZ PESQUISA AMERICANA

RICARDO MIOTO
DE SÃO PAULO
Pode ser poético dizer que um cão encheu seu dono de beijos quando ele voltou de viagem, mas a realidade, estão descobrindo os cientistas, não é assim tão fofa.

Isso porque cachorros são extremamente sensíveis a cheiros e sabores -- coisas tão importantes para eles quanto a comunicação verbal ou a visão para os humanos.
Assim, quando um dono volta da rua cheio de novos cheiros e gostos, seja da mão daquele colega de trabalho que foi cumprimentado ou da sujeira do banco de metrô em que sentou, ele está oferecendo ao seu cachorro um festival de sensações.

Se seu cão quer saber por onde você andou, isso significa, claro, que ele vê algo de especial em você. Mas eles gostam de cheirar e lamber mesmo desconhecidos.

"Saber do papel do odor para eles mudou minha forma de pensar sobre a maneira alegre com que minha cachorra cumprimentava um visitante, indo diretamente na região genital dele", diz Alexandra Horowitz, da Universidade Columbia (EUA).

O comportamento da cachorra de Horowitz, que está lançando no Brasil o livro "A cabeça do cachorro" (BestSeller), faz todo sentido, diz.

As regiões genitais, assim como a boca e os sovacos, produzem muitos odores -- e logo ensinamos às crianças a importância de lavá-las bem. Estando a boca e os sovacos geralmente mais distantes do cachorro, não é difícil imaginar que área ele vai atacar.

"Não deixar que um cão cheire um visitante equivale, entre humanos, a vendar-se na hora de abrir a porta para um estranho", diz a cientista.

Para um cão, cada pessoa tem um cheiro inconfundível, o que faz com que eles nos identifiquem pelo odor. Humanos conseguem usar o nariz para saber, por exemplo, se alguém fumou, mas cachorros vão muito além.

Eles podem saber se você fez sexo, e até saber quem e quantas pessoas estavam junto. Ao se aproximar da sua boca, conseguem identificar o que você comeu.

Mais do que isso, cachorros sentem cheiro de medo.

"Gerações de crianças foram alertadas para nunca mostrar medo diante de um cão estranho", diz Horowitz.

Não era à toa. Quando assustados, suamos, e o odor do nosso corpo entrega o pavor. Além disso, a adrenalina é inodora para nós, mas não para bichos de faro aguçado.

O olfato dos animais é tão bom que os cientistas querem utilizá-los na medicina.

Um estudo treinou cães para reconhecer a urina de pacientes com câncer. Os cientistas se assustaram. Os cães aprenderam a "diagnosticar" a doença: só erram 14 vezes em 1.272 tentativas.

Não se sabe direito quais substâncias eles aprenderam a reconhecer, mas alguns cientistas propõem "cães doutores" -- pelos estudos feitos, eles acertam mais que muitos doutores humanos.

http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/808658-caes-nao-lambem-seus-donos-por-amor-diz-pesquisa-americana.shtml

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Moscas bêbadas ajudam no estudo sobre o vício

da New York Times

A Universidade da Califórnia, em São Francisco, se tornou um boteco para moscas das frutas.

Lá, no laboratório de Ulrike Heberlein, pesquisador sobre os vícios, moscas das frutas estão optando pelo consumo de álcool. Elas estão bebendo (ou melhor, comendo alimentos embebidos em álcool) até ficarem embriagadas, mesmo quando não apreciam o sabor. E também estão cedendo à tentação.





Trabalho tenta compreender a base genética dos vícios humanos em substâncias como álcool e nicotina por meio da mosca


Trabalho tenta compreender a base genética dos vícios humanos em substâncias como álcool e nicotina por meio da mosca da fruta






Haberlein, autor de um artigo, junto a Anita V. Devineni, descrevendo as descobertas na "Current Biology", disse que a pesquisa representava um avanço em seu trabalho de tentar compreender a base genética dos vícios humanos em substâncias como álcool e nicotina por meio da mosca das frutas, ou Drosophila melanogaster.

"Durante anos nós estudamos reações simples, como intoxicação e desenvolvimento de tolerância", disse Haberlein. A conhecida genética da mosca das frutas a torna um organismo modelo para esse trabalho. "Agora, em vez de dar passivamente o álcool às moscas, estamos deixando que elas escolham beber".

E elas bebem, como humanos. No começo, elas ficam hiperativas e desinibidas; se continuam bebendo, perdem a coordenação. Eventualmente, desmaiam. As concentrações internas de álcool nas moscas, em cada estágio, são bastante similares àquelas dos humanos que bebem, disse ela.

Os pesquisadores também descobriram que, se uma mosca é privada de álcool por um ou dois dias, ela continuará a beber assim que tiver uma oportunidade.

Sob alguns aspectos, a descoberta não é surpreendente. Afinal, moscas das frutas tendem a ser encontradas em frutas podres, onde os açúcares estão fermentando para virar álcool.

Porém, quantificando isso em laboratório, os pesquisadores conseguirão estudar a genética por trás do comportamento. Realmente, segundo Haberlein, eles desenvolveram um exame para identificar características de vício --pesquisadores poderão usar diversos subgrupos da Drosophila, cada um com uma mutação conhecida, para ver qual altera os padrões de consumo de álcool.


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Unicórnio asiático reaparece após 10 anos, mas depois morre


A rara espécie saola foi descoberta em 1992 e corre risco de ser extinta
por John Platt
Cortesia da Unidade de Conservação de Bolikhamxay
Saola em cativeiro, antes da sua morte
Um dos mais raros mamíferos do mundo, o saola (Pseudoryx nghetinhensis), estava efetivamente invisível desde 1999 – a última vez que essa criatura especial foi observada por cientistas. Mas um deles finalmente reapareceu. Pena que morreu logo depois.

O saola macho foi capturado no mês passado fora de uma remota aldeia da província Bolikhamxay, no Laos. Pesquisadores de animais selvagens, acompanhados por colegas da União Internacional para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês), foram para a aldeia, mas infelizmente o animal já estava enfraquecido por causa do tempo que passou preso e morreu logo após a equipe chegar, segundo a IUCN.

Removeram seu corpo para a cidade vizinha de Pakxan, onde foi preservado para um estudo futuro.

"O estudo da carcaça desse animal pode render boas descobertas e amenizar o infeliz incidente. Nossa falta de conhecimento da biologia dos saolas é uma limitação para os esforços da preservação dessa espécie", disse Pierre Comizzoli, membro da IUCN e pesquisador desses animais.

O saola foi descoberto pela primeira vez por cientistas em 1992. Muito parecido com um antílope, ele é, porém, estreitamente relacionado com bovinos. Tem dois chifres, mas alguns biólogos acreditam que essa espécie serviu de inspiração na vida real para as lendas do mítico unicórnio.

Não existe nenhum saola em cativeiro. Estimativas populacionais sugerem que na melhor das hipóteses o numero de indivíduos varia de cem a mil animais em estado selvagem.

Os especialistas em saola dizem ser bem provável a "última chance" de salvar um dos mamíferos mais raros do mundo.